quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Summer of Love, parte XIIIA

Parte XIIIA


02:00 a.m.


O lugar estava tão lotado que era impossível fazer o menor movimento sem ter algum tipo de contato físico com outra pessoa. Mesmo parado era impossível não ter algum contato físico com outra pessoa. E quente. Sei lá quantas mil pessoas se acotovelando e se espremendo em um lugar fechado: não tem ar condicionado que dê conta. As luzes coloridas rodopiavam cintilando em ritmo epilético pela multidão enquanto os alto-falantes explodiam graves em milhões de decibéis, nos levando cada vez mais próximos da temida brown note. E eu lá no meio, totalmente perdido, o único que parecia não estar curtindo tudo aquilo.




Duas horas antes:



As luzes das sinaleiras e a música dentro dos porta-malas dos carros guiavam a romaria que rumava para a praia do Santinho naquela noite morna. O carro do Fatt lotado, seguindo a lenta fileira de veículos à nossa frente. Eu no banco de trás, testa grudada no vidro, contando os postes do caminho. Emergi dos meus pensamentos despertado por um apertão na coxa. A Adri espremia suas pernas contras as minhas no apertado banco traseiro do carro, que dividíamos com a Dani e o Cabeludo. A Pat no banco da frente, com o Fatt. Meio atordoado com a mão da Adri na minha perna, olhei para o seu rosto, que sorria para mim, iluminado pelos postes que passavam.

- Ah, Ferrão, se anima, vai! - falou ela, enlaçando meu pescoço com o braço enquanto segurava o meu rosto com a outra mão para me dar um barulhento beijo na bochecha - Não vai ficar assim no meu aniversário, né? - disse, baixinho, no meu ouvido.

- Olha o agarramento aí atrás! - gritou Fatt, rindo pelo retrovisor.

Nem tive tempo de responder, pois um grito agudo de nojo da Pat ecoou no habitáculo.

- Aaaaaiii!!!!

- Bah, foi mal, aí... - desculpou-se Fatt.

A Pat estava segurando um copo com uísque com energético que havíamos preparado em casa. Acontece que o maior copo da casa assemelhava-se a uma bacia: meio baixo, largo e com uma grande abertura, por onde o conteúdo poderia escoar com incrível facilidade. (Maior coisa de pobre isso, beber antes de chegar na balada pra economizar. Você morre em, sei lá, 20 pila só na entrada, e até parece que são aqueles $10 que você economizou em bebida que vão fazer toda a diferença. Mas acho que quase todo mundo já deve ter feito isso pelo menos uma vez na vida...) Por um motivo qualquer, nosso motorista deu uma freada mais brusca que fez com que uma parte considerável da nossa inebriante bebida fluísse para fora do copo/bacia, flutuasse no ar por um átimo e desastrosamente encontrasse a blusa vermelha nova da Pat. Ela ficou muito indignada, tentando secar o pescoço e a blusa com uns lenços de papel.


Chegamos no lugar e nos posicionamos na fila enquanto o Fatt voltava para buscar o resto do pessoal.


Quatro horas antes:

- Ah, bom... - falei, com as mãos nos bolsos e olhando para baixo - E vocês vão para onde?
- Nós vamos sair com o pessoal da casa aí da frente... - disse displicentemente a Cris - Vocês não se importam, né?
Mas é claro que eu me importava! E muito! Eu havia perguntado para a Cris se elas nos acompanhariam na comemoração do aniversário da Adri, num lugar recomendado pelo Quico na praia vizinha. Depois daquela resposta, eu queria sacudí-la dizendo "Não! Vocês vão com a gente!!", mas me contive.
- Não, não... Capaz...

O negócio é que uns dias antes havia chegado na casa em frente à nossa uma turma de surfistas. Quatro, para ser mais exato. Dividindo a mesma areia, passando ao lado da nossa casa, puxando conversa com um e outro, eles acabaram se aproximando das nossas vizinhas. E isso fere completamente o código de ética masculino. Se alguma mulher estiver em território de algum homem, outro não se aproxima, ponto final. Isso é Lei, infringí-la pode gerar conseqüências desastrosas (e sangue é a mais suave delas). É mais ou menos como estar tentando vender alguma coisa para alguém e, no meio da negociação chegar outro vendedor oferecendo um produto melhor, mais barato e ainda prometer brinde. Isso não é coisa que se faça.
- Claro que não! Sem stress... Aproveita lá... Bebe por mim na conta deles!
Ela riu e voltou para casa. "Maldição!", pensei. Com a estreita convivência daquela semana eu havia começado a gostar da Cris, mas sempre tive um pouco de medo dela. Ela tinha 22 anos e ia cursar o último ano de Jornalismo, enquanto eu tinha 18 e havia acabado de terminar o segundo grau. E quando se tem 18 anos, esses quatro anos fazem muita diferença, são praticamente uma vida inteira a mais. Nenhuma guria do último ano da faculdade ia querer ser vista junto com um guri de 18, ainda mais se for dono de Fusca. Naquela época eu ainda não cultivava o volume abdominal de hoje, pelo contrário, era magro e meio desajeitado (desajeitado continuo!), mas estava anos-luz atrás dos surfistas malhados de óculos escuros e gírias esdrúxulas que haviam chegado. Para minha sorte a nossa praia não era muito propícia ao surf, de modo que eles ficavam fora boa parte do dia. Isso ainda me fazia manter um restinho de esperança...

terça-feira, 30 de outubro de 2007

A amiga e o cachorro

Não resisti: duas notícias bombásticas juntas eu não podia deixar passar.

Amiga de Paris Hilton será capa da Playboy.


Bah, ser conhecida como "amiga da Paris Hilton" é fim de carreira...

E tem mais! Em entrevista, a amiga disse que o ensaio não será tão revelador. Ela aparecerá coberta por panos e jóias, mas mostrará UM seio e o bumbum.
Na boa, alguém compra essa revista pra ver UM seio e uma bunda? Sem falar que ela ficou "famosa" depois que um vídeo seu em, digamos, "momentos íntimos" com o namorado "vazou" na internet. Isso já está virando moda...


Suzana Vieira briga com marido por causa de cachorro morto.

Esse não é o mesmo que armou um barraco num motel com uma prostituta dois meses depois de casar? Eu realmente não entendo esses "artistas"... Baixaria com uma vagabunda na capa de todas as revistas de fofoca do país, tudo bem, pode acontecer com qualquer um, mas deixar o cachorro fugir já é demais!


Pensando bem, até acho que ela tem razão...
Afinal, o cachorro devia ser mais fiel que o marido mesmo...

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Sobre como meu vô dormiu milionário e acordou remediado

Enquanto o restante da história não fica pronto, uma outra historinha curtinha, pra distrais...


O meu Vô ganhou na loteria uma vez, muitos anos atrás!!!

O negócio foi o seguinte:
O velho ligou o radinho a pilha colado no ouvido para conferir o resultado da loteria e ia circulando com uma caneta os números que tinha acertado. Quando viu que tinha circulado todos, esfregou os olhos, conferiu novamente a cartela e gritou: "Mulher! Tamo rico! Ganhei na Loteria!!". E foram os dois conferir os números. Era isso mesmo, tinha acertado todos. Risadas, gritos de alegria e muitos planos! Comprar uma casa maior, no centro da cidade, aquele sítio que tanto cobiçavam, uma casa na praia, talvez. Imagina a cara do Alcides quando soubesse! (Alcides era o irmão rico da família que sempre se gabava por ter um Opalão novinho na garagem.) O Alcides ia morrer de inveja! A vizinhança logo soube e foi em peso cumprimentá-lo. Ligações para os filhos, sobrinhos, cunhados e logo marcou uma grande festa para o dia seguinte, um domingo, no almoço. Foi ao bolicho da esquina e já saiu contando a novidade, pedindo pra pendurar umas bebidas, carne para o churrasco do outro dia, uma rodada para os pinguços...


No domingo a família chegou cedo para o almoço. Parentes distantes, vizinhos, amigos e até algum desconhecido que estivesse passando pela rua comeram do bom e do melhor, exceto pelo Alcides, que ficou emburrado em um canto e foi embora sem nem ao menos tocar na sua picanha. Muita fartura, bebida, música e coisa e tal... O almoço estendeu-se até a noite.

Na segunda-feira cedinho meu avô pôs o chapéu na cabeça e avisou: "Me vou a Porto Alegre!". Ia receber o prêmio.

Lá pelo comecinho da noite, quando o sol já se escondia no horizonte, chega ele, casaco novo, de couro, mas com o olhar perdido, cabisbaixo. "O que foi, meu velho?" perguntou a minha vó procurando a mala abarrotada de dinheiro. "Uma desgraça, uma desgraça..." respondeu ele sem erguer a cabeça.

O caso é que o prêmio tinha sido de um valor baixo (tipo uns $30.000 nos dias de hoje). "Bem... Tudo bem, $30.000 não é exatamente o que esperávamos, mas já é uma boa ajuda. Mas onde está esse prêmio?", perguntou minha vó. "Calma, não é tudo..." ele respondeu. Não bastasse o baixo valor, naquela semana houve muitos acertadores, que dividiram aquele pequeno montante.

Por fim, com o valor que ganhou, meu vô pagou a conta no bolicho, e, com o que sobrou, comprou o casaco que vestia. Colocou o casaco num cabide, deitou a cabeça no travesseiro, fitou o casaco pendurado na penumbra e antes de dormir ainda comentou: "Mas vê se não é um belo dum casaco mesmo, minha velha...!"

E foi assim que meu vô acordou milionário e dormiu remediado!
E aconteceu mesmo, quando eu era pequeno!

domingo, 28 de outubro de 2007

Enganado pelo Trailer

Sabe aquela impressão que temos às vezes, logo após assistir um filme, que fomos enganados pela edição do trailer? Aquele arrependimento que dá imediatamente depois de sair da sala do cinema ou apertar o eject do DVD? Aquela sensação de "Po... No trailer parecia melhor..."?

Eu, como bom cinéfilo que sou, assisto muitos filmes e, não raro, os assisto justamente porque "no trailer parecia legal". Um dos meus arrependimentos recentes mais marcantes foi com Click, uma suposta comédia com Adam Sandler, na qual ele compra um controle remoto que controla tudo. Para quem já viu (creio que a maioria, o filme já tem quase um ano, eu acho) é dispensável dizer que praticamente todas as cenas engraçadas foram concentradas no trailer. Depois de uma meia hora, então, o filme se transforma num dramalhão e termina com uma daquelas infantis lições de moral. Uma amiga minha disse que até chorou em algumas partes. Ainda bem que era comédia...

Mas às vezes a enganação é proposital. É o que ocorre com os recut. Funciona assim, ó: algum desocupado pega um filme de algum gênero específico, escolhe cuidadosamente algumas cenas/diálogos e monta um novo trailer para o filme, fazendo-o parecer uma história completamente diferente. Deu pra entender? Acompanhe essa seleção de excelentes recuts e veja você mesmo (estão em inglês, mas isso não atrapalha (muito)).


The Shining

Um dos melhores recuts. Este grande thriller de 1980 ganha ares de comédia romântica, ao retratar Jack como um escritor procurando inspiração que encontra em um garotinho uma nova razão para viver. A trilha sonora é ótima! Altamente recomendado.



http://br.youtube.com/watch?v=KmkVWuP_sO0



O Chamado

Outro ótimo recut, que mostra o drama de uma mãe que descobre que tem apenas sete dias de vida para passar ao lado do seu filho e tenta se conciliar com o ex-marido. Tocante.



http://br.youtube.com/watch?v=SgxayErS5As



Batman Begins

Eu rebatizaria somente "Begins", mas o autor preferiu chamar o recut de "Alfred and Bruce". Conta a história de um garotinho que vê seus pais serem mortos e se vê desamparado na vida, encontrando alento no fiel mordomo da família. Uma especie de bastião para Bruce, Alfred o acompanha durante mais de 15 anos, numa demonstração de amor e companheirismo na qual se descobre o verdadeiro valor de uma amizade.



http://br.youtube.com/watch?v=yhkbLSPob4I



Requiem for a Road Trip

Esse aqui pegou a trilha sonora de Réquiem para um sonho (recomendo, excelente filme. Mesmo.) e misturou com cenas de Road Trip. Interessante.



http://br.youtube.com/watch?v=odhHpyCBaRw



Matrix

O destino, ao colocar no caminho do desregrado Neo uma linda mulher, transforma sua saga em uma busca por um amor.



http://br.youtube.com/watch?v=EsNyiB2J1Gk



Taxi Driver

Mais uma comédia romântica. Essa mostra o lado sensível de um taxista apaixonado.



http://br.youtube.com/watch?v=D_UaVUPsLsM

Aceita um cocô?

Encontrei em algum lugar um link para a página da ATYPYK, empresa francesa que fabrica uns objetos e acessórios estilosos e engraçados (mais ou menos no estilo da Imaginarium), como este ótimo prato com um fio de cabelo pintado no fundo, excelente para servir as visitas:

Vai uma sopinha?

Tem também o higiênico sabonete Pôncio, para o qual eu já até bolei um slogan super original: "Pôncio Pilatos: Lava suas mãos como nenhum outro".


E sabe aquelas pessoas que adoram riscar no calendário cada dia que passa? Aí está um ótimo presente: um calendário gigante, com mais de 4 mil dias para riscar (são mais de 11 anos!). Bom para quem está pensando em largar o cigarro, já que vai poder marcar todas as vezes que vai parar e voltar a fumar nos próximos 11 anos.




Nada como um retorno às origens... Taí um que eu compraria: o Cowstick, uma estampa de pele de vaca para colar na geladeira. Bom para quem chegou há pouco do campo e ainda está se habituando à vida na cidade grande: você acorda às cinco horas da manhã, abre a porta da Mimosa e tira uma caixinha de leite desnatado fresquinha.

Cowstick: sua geladeira muuuuuuuuuito mais divertida!

E, por último, mas não menos importante, esse é para aquelas pessoas que (como eu) não gostam de dividir nada com os outros: um delicioso chocolate em forma ultra realista de cocô!! Reparem no cuidado extremado que os fabricantes tiveram para reproduzir cada nuance de um legítimo cocô. Note a textura esmerada, a variação cuidadosa dos tons de marrom, as pequenas partículas de amêndoas delicadamente dispersas na massa fecal. Delícia!


Yummy!

 
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